Na safra 2005/2006, os produtores de Cachoeira do Sul não deram chance ao arroz vermelho. Utilizando a tecnologia Clearfield, que consiste na utilização de sementes mutagênicas especialmente desenvolvidas para suportarem a ação de um herbicida específico, essa espécie considerada um inço teve seu aparecimento controlado com sucesso nas lavouras do município. O resultado foi a produtividade recorde de 6.485 quilos por hectare.
Considerando o plantio de arroz na região há muitas décadas, o engenheiro agrônomo Jerson dos Santos confirma que o grande problema dos agricultores sempre foi a alta infestação do vermelho, que praticamente inviabilizava as áreas mais propícias para a cultura: aquelas usadas originalmente, à margem de rios e arroios e próximas de açudes. “Agora, com a introdução do sistema Clearfield, essa questão está sendo resolvida”, comemora ele.
Outra técnica usada para barrar a entrada do arroz vermelho é o sistema de plantio pré-germinado, que, apesar das boas vantagens que apresenta, ainda é adotado em reduzida escala no município, somando em torno de quatro mil hectares. Isso representa 10% de toda a área cultivada em Cachoeira e, na opinião de Jerson dos Santos, não deve aumentar para a próxima safra por causa do investimento necessário para a prévia sistematização do solo. Sai mais em conta para os produtores utilizarem a tecnologia Clearfield.
ARMAZENAGEM
• Na última safra, chegou a ser ventilada a possibilidade da falta de espaço para a armazenagem de arroz em Cachoeira do Sul. O problema, no entanto, não foi registrado e nem deve preocupar tanto os produtores. Conforme números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Banco do Brasil, o município possui uma capacidade estática total para estocagem de 383 mil toneladas de grãos, já descontado o espaço do antigo complexo da Centralsul, agora ocupado pela Granol e que não foi utilizado na última colheita.
NA CIDADE
• Somente na área urbana, os quatro grandes engenhos - Treichel, Trevisan, Moraes e Cooperativa Agrícola Cachoeirense - e o Instituto Rio-grandense do Arroz, juntamente com a Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) e a Cooperativa Tritícola (Cotricasul), somam uma área capaz de receber mais de 200 mil toneladas de grãos. Considerando silos particulares e armazéns ociosos, mas em condições de estocar produto, Fernando Simões Pires, do setor de fiscalização de operações da Superintendência Regional do BB no Rio Grande do Sul, calcula que a capacidade sobe para 223 mil toneladas.
NO INTERIOR
• Na área rural, incluindo as duas unidades da Cotricasul na BR 153, na entrada para a Porteira Sete e próximo ao trevo da BR 290, são aproximadamente mais 160 mil toneladas”, informa ele, acrescentando que existem inúmeros armazéns catalogados pela Conab e Banco do Brasil fora do perímetro urbano de Cachoeira do Sul. Muitos produtores têm optado por ampliar ou instalar silos nas propriedades como forma de manter um maior controle sobre o produto. Assim, conseguem efetuar a venda em períodos de melhor preço.
SAFRA
• Com capacidade para armazenar 383 mil toneladas de grãos, Cachoeira do Sul poderia estocar, ao mesmo tempo, as últimas safras de arroz e soja, que foram de 248,5 e 81,6 mil toneladas, respectivamente. E ainda sobraria um espaço bastante razoável para continuar recebendo o cereal do Governo Federal - só a Coriscal, que é o maior depositário no município, guarda cerca de 20 mil toneladas de produto pertencente à União.