A instalação da Termelétrica CTSul, no distrito de Capané, está sendo acompanhada de perto pelo Ministério Público de Cachoeira do Sul. A promotora Giani Pohlmann Saad instaurou um inquérito civil para averiguar os possíveis danos que a usina causará à natureza. O processo de investigação foi aberto em março de 2006 e inclui uma análise minuciosa pelos técnicos do Departamento de Assessoria Ambiental (DAT) do MP dos materiais enviados pelos parceiros no empreendimento e pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), além de grupos contrários como Amigos da Terra.
“Estamos trabalhando na prevenção dos impactos. Não dá para deixar que os danos aconteçam e só depois tomarmos providências”, afirmou a promotora Giani, que pretende acompanhar todas as etapas de instalação da usina. José Benemídio Almeida, presidente da Cooperativa de Eletrificação Centro Jacuí Ltda (Celetro), sócia local no investimento, considera normal e importante essa preocupação da promotora. “Serve para mostrar que nosso projeto é sério e está sendo desenvolvido de acordo com a legislação vigente”, assinala.
• 780 milhões de dólares era o valor inicial do empreendimento, que terá tecnologia alemã e investimento holandês. O orçamento já está em 2,7 bilhões de dólares.
• 1.300 megawatts serão gerados em duas usinas. A potência final oferecida ao sistema ficará em 594 megawatts cada uma. O restante servirá para o funcionamento do próprio sistema da usina.
• 113,9 mil metros cúbicos de água - captada do Rio Jacuí e levada até a usina através de uma tubulação - percorrerão o sistema por hora. O consumo atingirá 3% desse volume.
• 10 quilômetros é a distância máxima que as partículas de fumaça irão alcançar. O ponto de maior poluição será um raio de 200 metros da usina, onde a emissão de gases será cinco vezes menor que o máximo tolerado por lei. q Na etapa de construção, que demorará pelo menos quatro anos, serão gerados cerca de 4,2 mil empregos diretos. Depois de concluída, a usina terá 800 vagas nas áreas de operação e mineração.
• Além da energia, a queima de carvão mineral também produzirá cinza e gesso, que poderão atrair empresas que trabalham com esses produtos. Existe até um estudo do Governo do Estado, feito em parceria com a província japonesa de Shiga, para empregar a cinza - juntamente com argila - na fabricação de cerâmicas. Com relação ao gesso, o presidente da Celetro diz que não tem nenhuma dúvida de que aparecerão interessados em seu aproveitamento quando estiver disponível.
• Juntamente com a planta para geração de energia, a CTSul pretende instalar duas usinas-laboratório em Cachoeira. Uma também utilizaria carvão e a outra funcionaria com cavacos de madeira. O objetivo é permitir estudos visando a emissão zero nos empreendimentos termelétricos e de energia alternativa no Rio Grande do Sul. Parceiros estão sendo buscados na Europa para viabilizar essa iniciativa, que também deverá contar com a participação de universidades brasileiras e do Velho Continente.